Morre Cid Moreira, Ícone da Televisão Brasileira, aos 97 Anos

Morre Cid Moreira, Ícone da Televisão Brasileira, aos 97 Anos

Por Redação 03/10/2024 - 09:48 hs
Foto: Reprodução TV Globo

Nesta quinta-feira (3), o Brasil perdeu uma das vozes mais emblemáticas de sua história televisiva. Cid Moreira, jornalista, locutor e apresentador que marcou gerações, faleceu aos 97 anos. O apresentador estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, onde vinha tratando de uma pneumonia nas últimas semanas. A notícia deixou o país de luto, com incontáveis homenagens de colegas de profissão e do público, que acompanhou sua carreira ao longo de décadas.

Cid Moreira, que completou 97 anos na última sexta-feira (27), dedicou grande parte de sua vida à comunicação e à televisão, tornando-se um dos principais rostos do jornalismo brasileiro. Durante seus anos de trabalho na Globo, Cid apresentou o Jornal Nacional aproximadamente 8 mil vezes, segundo dados do Memória Globo, sendo um dos principais símbolos de credibilidade e seriedade da imprensa no país.

Início de Carreira

Nascido em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927, Cid Moreira começou sua trajetória na comunicação ainda jovem. Em 1944, aos 17 anos, foi descoberto por um amigo, que o incentivou a tentar a carreira de locutor. Seu primeiro teste de locução foi na Rádio Difusora de Taubaté, e a partir daí, Cid iniciou sua jornada que o levaria a se tornar uma referência no jornalismo brasileiro. Entre 1944 e 1949, trabalhou narrando comerciais, antes de se mudar para São Paulo, onde atuou na Rádio Bandeirantes e em agências de publicidade, como a Propago Publicidade.

Sua transferência para o Rio de Janeiro, em 1951, marcou um novo capítulo em sua carreira. Contratado pela Rádio Mayrink Veiga, Cid começou a ter suas primeiras experiências em televisão. Ele participou de programas como Além da Imaginação e Noite de Gala, ambos na TV Rio, apresentando comerciais ao vivo. Foi nessa época que sua carreira como locutor de noticiários teve início, em 1963, no Jornal de Vanguarda, da TV Rio, marcando sua entrada no jornalismo televisivo.

O Surgimento de um Ícone

Em 1969, Cid Moreira ingressou na TV Globo para substituir Luís Jatobá no Jornal da Globo. No mesmo ano, foi escalado para a equipe do recém-lançado Jornal Nacional, o primeiro telejornal transmitido em rede no Brasil. Sua estreia no JN ocorreu em setembro de 1969, dividindo a bancada com Hilton Gomes. Pouco depois, ele iniciaria uma duradoura parceria com Sérgio Chapelin, que perdurou por décadas.

A frente do Jornal Nacional por 26 anos, Cid Moreira consolidou-se como um dos principais apresentadores do país. Sua voz inconfundível e seu "boa-noite" ao final de cada edição se tornaram marcas registradas da televisão brasileira. Sua postura séria e o tom grave de sua voz estabeleceram uma conexão de confiança com o público, que o acompanhava diariamente nas notícias.

Além do Jornalismo

Embora tenha se tornado sinônimo de jornalismo, a carreira de Cid Moreira foi muito além do Jornal Nacional. Ele também foi uma figura presente no Fantástico, desde sua estreia em 1973, e participou de inúmeros quadros marcantes do programa. Um dos mais icônicos foi sua narração para o quadro de Mr. M, o ilusionista que revelava truques de mágica, um grande sucesso da década de 1990. O quadro foi tão bem-recebido que Cid chegou a entrevistar o próprio Mr. M durante uma visita ao Brasil.

Outro marco em sua carreira foi sua dedicação à narração de textos bíblicos. A partir da década de 1990, Cid passou a gravar salmos e trechos da Bíblia, um projeto que culminou na gravação da Bíblia completa, lançada em 2011. A coleção de áudios religiosos tornou-se um sucesso de vendas, e consolidou Cid como uma das vozes mais respeitadas do Brasil também nesse campo.

Um Legado Inesquecível

Em 2010, sua esposa, Fátima Sampaio Moreira, lançou sua biografia, intitulada Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil. O livro traz uma retrospectiva detalhada de sua trajetória e explora as diversas facetas de sua carreira e vida pessoal.

Sempre atualizado e disposto a participar dos momentos marcantes da televisão, Cid Moreira também protagonizou episódios memoráveis, como durante a Copa do Mundo de 2010, quando gravou a famosa vinheta "Jabulaaani!" para a cobertura do Fantástico e dos programas esportivos da Globo.

Com sua partida, Cid Moreira deixa um vazio imenso no jornalismo e na televisão brasileira, mas seu legado permanece intacto. Ele será sempre lembrado como a voz que atravessou gerações, levando informação, credibilidade e emoção às casas dos brasileiros. Sua trajetória não é apenas uma história de sucesso, mas um exemplo de dedicação e paixão pela comunicação;